Relógio

Um dia o relógio disse adeus ao seu rodar
Loucura de andar a rodar sempre na mesma direcção.
Percorre um espaço e volta sempre a dar um abraço ao inicio que o chama
Rodam e rodam prisioneiros três ponteiros
Basta! Não quero me sentir um prisioneiro!
O pulso amarrado é como um barco sem vela. Queria dizer adeus ao tempo medido.
Chorar por um passado pesado é um fardo que se desmancha sem resistir.
Respondo à pergunta que teimas em ouvir, gesto ritmado, tempo de um local onde o sol se pós.
As horas são como as vagas que lutam na maré, e o seu trabalhar é a musica da verdade.
Para uns o tempo passa, e para uns o tempo custa a passar.
Sofredor que se refugia na falésia que guarda o arquivo da Inquisição.
E por amor chora, lágrima que empurra a mola que o tempo cura.
Ansiedade de um amor perdido, tempo intemporal que os ponteiros marcam o dia.
Ternura de um tict,tac amargurado que a corda magoa. Frio é o vidro que embacia o seu caminho.
Verão ou Inverno o tempo será sempre marcado por o relógio por mim pendurado.
Saudades de um pendurar no braço de um Português.
Toilette composta que me deixa saudades, suponho que o sonho não irá voltar. E o relógio irá rodar no passado.

Bom Norte