As flores do meu jardim partiram todas as vidraças. Estão cansadas da forma como eu governo. Feras rugidoras que caminham na minha direcção. Ameaçam-me abrindo as suas bocas desdentadas.
Planta sedenta e desidratada, ridícula figura que se julga forte.
Enganada pelo silêncio da escuridão do dia. Sou absinto, médium e encantador de serpentes.
Fui banhado pela criatividade que algumas pessoas adoram. E transporto as vaidades que muito detestam.
Rapto a Natureza e transporto-a para o quarto sem janelas. Aqui o dia é silencioso e sem violência
A claridade perdeu o jogo, mesmo com o ás de espadas, o bluff voltou a vencer.
Vez atrás de vez, continua a perder.
O bolor está concentrado na parede que me serve de cabeceira. Penicilina derivada do fungo que infecta a minha figura franzina.
Petinga e Sardinha. Grita a varina deixando uma nesga do seu farto seio sorrir sem resistir ao olhar do bebé faminto.
Pobre bebé que sorve o leitinho, sonha, descansa dança o menino sozinho.
Gerado por pais separados, irados bêbados e drogados.
Onde está Adão? Interroga Eva o criador
Lambada após lambada, recebo lambidelas de cascavel que envenena a minha sombra. Tornando-a uma contorcionista, uma segunda escolha em que o artista representa sozinho.
Noite após noite. O espectáculo aguarda os espectadores.
Viva o artista! Não me rio porque tenho vergonha da minha felicidade.
Por essa razão só me resta contar os minutos e vomitar os segundos.
Vomito que se cola na parede do meu quarto sombrio e húmido.
Continuo a franzir o sobrolho e não me rio porquê?
Não sei! Nem nunca o saberei!
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