Hoje o dia só me oferece soluços. Estou cansado, farto de ouvir choros de vencidos
Mas piores que os perdedores são certamente os vencidos que outrora foram vencedores.
A cidade hoje está cinzenta e o azul que geralmente salpica o céu está arreliado comigo.
A poluição toma conta da cidades e nem tudo é fumo, nem tudo é sonho,
Nem tudo é belo, e nem todos os seres que me rodeiam deliram confusos
Oiço e identifico a mais nítida das belas vozes da tristeza
Canto sonoro que rasga a noite; murmúrios que sussurra a agonia
Passo a correr os meus olhos por cima do egoísmo dos poderosos,
E hoje é o dia em que me dispensam da luta onde vagabundeio.
Vou passar à disponibilidade. Verdade!
Os pássaros estão todos à minha espera, coitados anseiam pela minha companhia
Sentem uma tristeza enorme e o peso é tanto que os impede de voar.
Amar, sorrir, olhar a vida com os olhos límpidos. Abandonar a poluição que a tecnologia me oferece.
Escrever só para mim, esquecer demónios e adorar Santos.
Deus interpreta o mundo e eu irei toca-lo em melodias celestiais.
Estou completamente farto de trautear canções que não gosto.
Nasci com o intuito de oferecer beleza ao Mundo, E as cores que me ofereceram já há muito se diluíram em lágrimas que jorraram em vão.
Chegou a hora. E ofereço-me ao tempo que já não tem mais tempo para me aturar.
Faço as minhas malas e parto. Caminho sozinho. Caminho andando o meu corpo não rastejará outra vez.
E quando um dia deixar de poder andar. Implorarei para que alguém me arraste para o local mais isolado deste Planeta.
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