Tantas vezes ansiei pela mão esquerda a direita encontrar que esqueci que ambas são iguais. São ambas lindas, e balanceiam-se lado a lado.
Uma tem alegria. E outra vive na tristeza.
A vida é linda e vamos deixar a tristeza sozinha, a direita observa a esquerda como querendo a copiar.
Beleza que não existe numa mão sozinha.
1,2,3. E a esquerda está presa à mesa. 4,5,6. Desde o primeiro dia até ao dia de Reis.
3 Mais 3 nem sempre são 6.
Mais um dia de escola! Mais terror na sacola, a esquerda está escondida e a direita pede esmola.
30 Reguadas de Madeira batem na mão como fosse uma brincadeira.
O aluno transpira e a professora torna-se baterista. Bate. Bate. No jovem que evita sorrir. Coitada da senhora está turba da vista, e nem o seu odor lhe resiste.
Decalques. Comparações. Sinto até que sou usado e por vezes gozado sem razão.
Dói-me a mão, dói os meus dedos. Perdoe-me a alma, mas eu serei especial? Olhem para mim. Não sou uma luz na ribalta. Nem um padre-nosso pecador.
Turma a vossa atenção! Por favor não tirem os olhos de mim.
Usem-me, cataloguem-me, copiem o meu estilo.
Dou um beijo à mão esquerdo e à direita uma dentada.
A direita revolta-se contra mim e devolve-me a gentileza com uma estalada
Peço desculpa por ser assim. Mas imaginem. E se existe mais alguém igual a mim?
A Terra é redonda e o canhoto vive À sombra da direita, num canto abrigado do vento que a noite traz.
Sofrer mais não serei capaz. O Amor vive à esquerda e à direita de quem o queira.
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