O meu rosto está encharcado em uma base que não flui.
Entupiu os meus poros e transformou-me numa boneca de cera,
Branca parafina que me faz destacar, transforma em uma pessoa fina.
Tão fina que se quebra ao ser confrontada por um simples olhar.
Um pedaço de mim será para ti!
E os restantes pedaços ficam para mim.
Nem me reconheço. As minhas imperfeições superficiais estão completamente corrigidas.
Pés, mãos, cabelos.
Limar. Retocar. Depilar.
Trabalho! Muito trabalho.
Delimitar a idade, estarei pronta para enfrentar a verdade?
Um minuto talvez dessa verdade sim! Pouca verdade, oitavos de uma vez.
Que querida que ela está!
Beijo! Beijinho. Bocejo um bom dia para o dia que me deixa radiante.
Cárie profunda que as regras me oferecem
Formosa e vaidosa é a talentosa maquilhagem que me borra a fome sem limites.
Restos que não me param de oferecer.
Estica e encolhe. Puxa e recolhe, caseia a máquina que encrava.
Alheia à minha vontade o carrinho de linhas giro incessantemente em torno de um eixo.
E a agulha embate furiosamente contra o dedal
Estão a falar comigo?
A linha está completamente emaranhada transformou-me numa múmia imaginária, uma Cleópatra nariguda que segundo a bolsa de Dow Jones está com tendência a piorar.
Beijo! Beijinho. Um bom dia para o dia que me deixa a sonhar.
Trim.Trim.Bip.Bip. Trim.Trim.Bip.Bip. Acabou o sonho, desperto para o mundo e desconfio da madrugada.
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