A rã apaixonou-se pelo homem, e sente a sua falta.
Perdeu o juízo, quer acabar com a solidão, pobre rã que sonha beijar o seu príncipe, e por ele lutar.
Quer acabar com o feitiço e em sapo o príncipe transformar. Límpido é o cristal, e baço o príncipe que ela teima em amar.
Príncipe que ela quer transformar, enfeitou o charco para o receber.
Decoradora do Amor, rã feliz que sonha em ser uma princesa.
E se Deus o quiser ainda o será.
A libelinha que é sua vizinha, refila logo pela manhã.
Raparigas que não respeitam ninguém! Lavam-se. Pintam-se. E só pensam em amar
Não sabem separar o feio do lindo e querem Amar o mundo mas porém?
Hoje está um dia de sol, não é dia de arrumação.
Quero descansar, tenho filhos para criar e estou farta de arrumação.
Vem cá minha vizinha rã. Vem amar o sol e deixa o príncipe em paz. Amar-te ele não será capaz. Regala-te com a visão dos verdes nenúfares que sacodem o pó aos seus tapetes, e lançam o pó para onde estiveres.
Agarra o vaidoso gafanhoto, que experimenta o seu corpete. Olha o dia, pois ele amanhã poderá não estar assim. A rã fica a pensar no amanhã que virá esquecendo o príncipe por mais um dia.
O sol foi-se deitar, passou o seu lugar à lua que ficou a brilhar. E a rã suspira encostada à parede. E o príncipe contempla o charco esperando um dia a sua rã encontrar.
A amora apodreceu no chão molhado, e desapareceu, partiu sem sofrer.
Bom Norte
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