Com o passar dos anos fui esquecendo o cheiro que a natureza emana.
Mas os raios de sol primaveris despertam-me para a realidade e oferecem-me novamente a vida.
Saudação ao Sol que me forca o equilíbrio
As pedras cheiram a amêndoa, glacê derretido que cobre o seu corpo despido.
E as ervas já não se parecem com uma cabeleira de viúva, Estão verdejantes e vigorosos nos seus caules, deixaram de ser tubos ocos de castanha cor.
Tubos esses por onde as piteiras sopravam os seus espinhos.
Os pássaros nervosos trauteiam melodias de Moonspell.
Barulho, ou será a canção de um metal duro que me faz vacilar cada vez mais.
O meu cabelo ondulante é freneticamente batido pela esquina da minha rua.
Aí.Ui. Emaranhado de emoções.
Cuidada miúda! Portuguesa ou Inglesa?
A Primavera afastou o meu marido, o meu casamento fracassou e os filhos andam aos trambolhões.
Cuidado com a queda e acabem já com a guerra.
Tenho uma meia vermelha e outra verde calçadas nos meus pés suados.
E a bandeira Portuguesa estampada nos calções que me esconde e encobre os rasgões.
Visto-me como um adolescente e comporto-me mal à mesa para tua tristeza.
Salgo o doce e mexo o cozinhado com a intenção do salgado atenuar.
Com o passar dos anos a pedra continua a cheirar a amêndoa e o governo cai mas nada muda
Só a água e as suas gotas continuam a rolar sobre a terra sôfrega que disfarça as suas brechas com barro que o oleiro deixou escapar das suas mãos.
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''Saudades''