Toc.toc, caminho, torturo-me mas galgo as distancias.
Curta é a esperança e longo o meu tormento.
Tenho sede de liberdade, e o meu corpo sente necessidade de um espaço comum.
Não quero a separação de modo algum e não quero ser vizinho do espaço patrulhado.
Desejo e sonho com algo que não conheço. Obscuridade que me dá luz.
Aborreço-me com os reflexos poéticos que coleccionam adjectivos, caderneta sem agrafos, desconjuntada, baralhada e abandonada.
Sonho partilhar a simplicidade, e deixei de ser complicado.
Surpresa!
A simplicidade construiu o seu castelo e tornou-me o seu rei.
Rei cego que não precisa de ver para saber a cor da verdade.
Atravesso o rio infestado por crocodilos sexagenários que balanceiam alegremente o seu rabo tentando a todo o custo derrubar-me.
Iniciei a travessia, a minha bengala transforma-me num gondoleiro de olhos vazados, o rio encaminha-me pelos seus canais.
O meu choro é confundido com uma canção romântica.
Ai barcarola que o condenaste a pedir esmola.
Ai semblante pintado com traços de dor, que percorre os caminhos da minha cidade.
Toc. Toc, passo acelerado. Plim. Plim, obstáculo no caminho.
Fá-lo-ei percorrer eternamente as ruas em busca de uma esperança.
Esta é a voz do seu destino.
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Fátima Marinho