Guardo um mistério que é só meu
Sim. Um mistério que me seduz.
Mas ainda assim escondo as palavras bem longe do teu olhar.
São palavra que declamo em contra-luz.
E algumas ditadas sob a luz de uma alma ampliada que me iluminou as letras
Leitura que transforma as letras de imediato em palavras.
Os meus dedos passeiam sobre a brancura das suas folhas.
Incrível. Inatingível.
O bico do lápis quebra-se. Curvou-se, rendeu-se ao meu texto.
Parágrafo que ele encurtou, rasurou, maltratou até talvez?
Os meus olhos volvem-se no espaço.
Adoro-o afiar, rodar a sua lâmina e aguçar o seu bico, juntar as aparas para um lado e afastar as migalhas para outro.
Não sou louco. Mas tenho uma paixão por borrachas.
Menina vazia que vagueia à minha frente. Borracho contente ao qual o homem não resiste.
Lima que afia o dente ao predador. Afie mais por favor!
Por vezes até já nem me reconheço mais.
Serão milhares os punhais lançados em direcção ao céu.
Cupido despido que se esconde nos cunhais e freixiais.
Luta e empurra-me para o centro de um jogo perigoso. Jogo que já não jogo mais.
Comentários
Um lápis invasor de folhas de papel em branco...que sabe jogar e ainda que lhe dê vontade não desiste.
(Há lápis assim)