Existem lugares onde os desamparados se encontram todos os dias.
Homens sem mulher. E mulheres que vivem do pecado.
Existe aqui amor sem amar ninguém.
Redes não virtuais formadas por marionetas reais
Marionetas que trocaram o amargo da mirra pelo óleo do suor.
Rasto amarelo marcado num reles tecido sintético, sujo roto e desbotado.
Ostentam pingentes pendurados nas orelhas furadas pela agulha que encaminha a droga na seringa
Olá veias como estão? Chegou a Primavera ponham os braços expostos ao sol.
As mãos batem palmas e aquecem a barriga vazia.
Hoje até irei escrever uma carta e esgotar nela todas as palavras que a vida me ensinou.
Fantasias que me afastam da morte. Truques dissimulados aprendidos em algum lado.
Existem locais onde os desamparados se encontram todos os dias.
Não querem companhia. Não querem ajuda.
Sou um decano. Mas não sou uma ajuda. Por isso parto em busca dela.
Sou uma página de boas maneiras. Um metro parado em algum lado.
Uma rosa-dos-ventos que brilha informando que está à espera da tua ajuda.
Um Cristo, um Buda ou até talvez uma princesa muda.
Sou o que tu queres que seja. Ser transfigurado. Um Andrógeno que aparece sempre que as páginas da vida ficam negras.
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