Eu quero e estico a mão para pedir.
A vergonha foi ultrapassada pela necessidade, e nunca mais ninguém a apanhou.
A decência mergulhou num poço sem fundo Afogou-se
Enterrada no lodo. Finou.
E eu sou um realizador de Curtas-metragens.
Procuro produtor para Longa-metragem.
Filmagens sem takes, montagem simplista, os cenários são reais e os actores?
Serei eu e serás tu.
Mais os crocodilos, cucos, bêbados e homens nus e meninas sexy`s, loucas e descalças.
Iniciarei o meu casting através de uma cidade afundada no desespero.
Medirei o seu comprimento metro a metro.
Hoje é dia de greve e as carruagens bloquearam-me a distância.
Paciência! O comprimento será uma enorme surpresa.
Continuarei a minha saga. Procuro pé ante pé, beberei mais um copo de vinho.
Um agora e outro a meio do caminho.
Eu quero e estico a mão a pedir.
Encontrarei a jazida! Encontrarei o ouro!
Dinamitarei as barragens que se atrevessem no meu caminho.
Queria! Mas não o dão.
Acidentalmente o resto da população estica incessantemente as suas mãos.
"QUEREMOS E ESTICAMOS A MÃO PARA PEDIR."
Aflige-me que a necessidade os obrigue a tal.
Detesto camaleões que se espreguiçam ao sol.
Simples esticar língua e o ouro vem junto a si.
Garupa para o jantar? E talvez caviar?
Eu também queria!
Mas a minha mão mantém-se simplesmente vazia.
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