A estrada espera e anseia pelo meu pisar, espreita o meu caminho, descobriu-me para sempre.
O dia para mim hoje foi como um crivo, pois limpou-me as mordeduras e ocultou as marcas que identificavam o meu corpo.
Os meus olhos enfaixam-se contra a venda com que cobres os meus olhos.
Imagino a razão pela qual a mulher se deixa levar pelo choro nocturno.
Ouço os seus gritos sonoros que julgo terem uma razão.
O seu corpo frágil ensombre-se por baixo de uma mancha negra que a transfigura.
O seu véu oculta-a deste mundo e esconde o seu branco perfil.
Olhar de louca que lhe faz cerrar a boca.
Não a deixam falar! Ela é louca!
Sonha frágil senhora! Sonha e deixa os anjos sonharem por ti.
Ganha uma vontade. Tens capacidade para tal.
Direcciona o teu olhar em direcção a uma lembrança.
Tens saudades de um amor que o tempo fumou,
Amor transformado num negro fumo que as brasas oferecem de boa vontade ao vento que remoinha em teu redor.
Jamais chove? Jamais o verei! Jamais os lobos deixaram de uivar.
Ofereço os cravos que se marcaram na minha mão.
Manifestação em defesa de uma integração.
Libertai os assustadiços e desviados seres que me fizeram rezar.
Sou uma louca mulher de preto, vestida com a cor que define a minha maneira de enfrentar o dia.
Lançados estão os pedregulhos contra a vitrina de vidro inquebrável que teima em resistir.
Fixaram-se os queixumes no tempo, assistindo aos sinais de uma liberdade, deixando longe o soluçar em seco da mulher vestida com a cor que as trevas elegeram.
Mulher que a sombra projecta no tronco duro da arvore que cerca a paragem.
Barricando a aproximação de um amor que eternamente teima em não chegar.
Viva a liberdade.
Bom Norte
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