A minha razão

Hoje o dia sorri e só me resta entregar-me a ele.
Não quero e não sei contemplar a realidade através do orifício que a vida me serve.
Quero a porta aberta, quero sair sem permissão.
O amontoado de seres que deambulam no meu imaginário oferecem-me ramos de rosas que perfumam o negro dia de uma solidão.
Este é o valor incalculável do meu amor, a minha paixão, o meu existir.
O frágil cobre que se estende perante os meus pés, lança-me e projecta-me contra as cores de um céu que refresca o dia.
Olá Dia Olá Céu, Bom dia Mundo.
A minha visão está focalizada na tua direcção.
Precipito o eco da minha voz através de uma frequência que quebra barreiras, fragiliza a resistência da distância.
Bato o queixo à desordem e ao movimento da vida, brindo a natureza com o poder da minha fé.
São movimentos intensos, são os motivos de discórdia que me motivam a continuar.
Bato palmas à monotonia e lanço um punhado de palavras ao ar. Agradeço às estrelas.
Obrigado estrelas pela bênção que me ofereceram.
Obrigado por arquivarem a minha tristeza nos mais resistentes dossiers de argolas férreas empilhados em prateleiras de negra madeira carunchosa,
Reconstituo a minha vida através de um guião impresso num papel manchado de lágrimas que me recordam o oscilar das ervas ao vento.
Olá escuridão. Amachuco a tristeza e guardo-a só para mim.
Vivo na sombra do mundo, refugiando o meu corpo dos olhares mundanos, oferecendo a minha voz ao Mundo que desconhece o brilho do meu olhar.

Bom Norte