Degrau ante degrau, desço a escada que me transportará em direcção à minha solidão.
Sinto que estou só, procuro companhia refugiando-me na minha solidão.
Passo a passo calo a minha dor e introduzo o momento na história.
Parto sem temor e atravesso a vida que me oferece água doce e água salgada.
Com o passar dos anos sinto que os meus olhos ficaram presos no espaço.
O relógio acelerou o passar da vida e ignoro o passar dos anos.
Fico preso no azul quando o preto é a cor bendita do sofrimento.
Refugio-me da água que o céu escorre do ar e teimo em beber a água que a terra teima em expulsar.
A lama oferece-me um molde dos meus sapatos, recorda-me que o tempo não volta para traz.
Chego a sentir pena de mim mesmo:
Sou uma pessoa que se traiu a si mesmo.
Desconcertado deambulo pela rua, sou um pobre viajante cheio de ânsias.
Um cobarde que tem medo da sua sombra obtusa que me desafia incessantemente.
Aqui estou eu! Abismei-me nas ânsias que o tempo me ofereceu.
Mas voltei para enfrentar o meu último dia.
Sinto que sou uma falsa estátua erguida, desprezada que ganhou vida e partiu rumo a um céu que ficará enegrecido pelos rolos de fumo que tingirá a sombra que me desafia.
Bom Norte
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