A bola espera por mim.
O meu sorriso leva-me a pensar que está tudo bem com o mundo.
Aguardo o encontro com os condenados.
E eles aguardam-me a mim.
Desculpem mas eu não posso.
Não quero comparecer.
A cor da Terra aviva-se, aguarda pelo meu encontro.
A minha mente rende-se à fadiga e entrega-se à melancolia do dia.
As bolas de sabão encontram-se algemadas, recusam-se a iniciar o seu voo em direcção ao céu.
As aves embelezam o céu da Rua Augusta, e repetem vezes sem conta circulares voos em direcção ao oceano.
Desafiam a gravidade.
Parecem flechas atiradas ao céu.
Flechas que se recusam a voltar ao ponto de partida.
Flechas de sangue.
Flechas com pedidos de desculpa envolvendo a sua ponteira.
Eu aguardo! Detesto feridas de morte.
Detesto o sangue que mancha o chão.
Vivo na expectativa de as bolas rebentarem.
Sopro-as devagar.
Sopro Super-humano.
Fuuuuuuuuuuu! Fuuuuuuuuuuuuuu!
Ouçam o barulho do rebentar! Ouçam o barulho do silêncio!
Fuuuuuuuuuuu! Fuuuuuuuuuuuuuu!
As bolas saltam, cabriolam, clamam.
Esta é a chave do mistério. O motivo pela qual as bolas rebentaram.
Cumprimentaram o chão e caminham coladas à sola dos teus sapatos.
Deixando pegajosa a calçada de cubos de calcário que se estende pelo chão da minha rua.
Bom Norte
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