Uma aranha que se empenha para nunca abandonar este local.
Sou uma sedentária criatura que ninguém atura.
Um ser portador de um nome que ninguém quer pronunciar
Mas no fundo sou só um tecelão que se envolve na teia que criou.
Tenho até a certeza que sou a rainha da beleza,
Mas não vivo em palácios?
Que tristeza. Que leveza pensa a aranha com malvadez
Sou a Mata Hari do exotismo, pois até vivo envolta em um eterno secretismo.
Visto-me de eterna sedutora para atrair o incauto insecto.
O seu destino é certo. E o meu destino nem longe nem perto.
Apetece-me chorar. Sou uma viúva sem defunto.
Quero uma família. Quero partilhar.
Estou farta de planear, de matar por paixão.
Mas as minhas oito pernas são mais rápidas dos que as seis dos outros insectos!
A aranha, por certo, não é um insecto?
E um insecto por certo não gosta de aranhas?
São artimanhas que me fazem desvendar as manhas com que tu me tentas enrrolar.
Bate a pata, sobe a pata, regularmente disposta está esticada a armadilha.
Come. Come. Mata. Mata.
São estas as vozes que eu ouço tentando incentivar-me
Pobre criatura incauta que cruzou no seu caminho.
Não faz falta?
A aranha mata.
Come. Come. Mata. Mata. Diz a aranha levantando a pata.
Bom Norte
Comentários
Irene Borges
Ou simplesmente proteger.