Fonografia autorizada por Mariama Mane para este texto.
Porque é que o céu é azul, se o inferno é o meu destino Porque é que a rosa tem cor-de-rosa, e a noite nunca conheceu o dia. Na minha mão seguro um bilhete cor-de-rosa de ida e volta. Destino que me leva o pesadelo e me traz de volta o sonho Receio que eu tento afastar para longe mim. Dou um passo para traz e afasto-me da vida, dou um passo em frente e visto uma camisola do avesso. E por mais que tropece o amor aproxima-se de mim. E a paixão acontece. O barulho dos carris fustigados pelos martelos que as cofundem com bigornas, faz com que as minhas pálpebras iniciem rápidos movimentos rápidos e nervosos. Cadências inquietantes e preocupantes. As vigilantes pestanas acenam-me brutalmente, pêlo bruto, pêlo feio que rodeia os meus olhos. Camisola de lã que a tecelã criou através do vai e vem das suas mãos. Todos chegam, todos vão. Ofereci-te as minhas palavras Bom Norte. Grita uma criança aos sete-ventos. Poeta que respira tranquilidade pois sabe colocar as palavras no seu exato lugar. Ofereço no entanto paz à loucura. Sobrou-me alguma! E ela em troca fez bater aceleradamente o meu coração sôfrego. Qual será o caminho que o sangue bombado quer seguir? Interrogo-me. Qual será a criança que ele fará sorrir, desentupindo a veia que a fome fez entupir. Por favor empurra o músculo que a fará novamente rir. Peço um beijo à admiração, e levo a minha mão à face rosada da indignação. A abelha beija o seu mel e a bofetada devolve um beijo à utopia que se só se apoiava no nada. Porque voltas se não chegas-te a partir? Esboço um sorriso mesmo sem sorrir. E parto mesmo sem partir. Bom Norte |
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